Os mórmons têm ocupado um espaço grande na mídia mundial ultimamente por conta da campanha a presidente do republicano Mitt Romney. Pressionado por seus concorrentes, na semana passada ele divulgou suas declarações de imposto de renda dos últimos dois anos.
Passou-se então a comentar que ele, e sua esposa Ann, doaram pouco mais de 10% de sua renda para a igreja, cumprindo o que sua doutrina ensina sobre o dízimo.
Em todas as religiões a questão financeira aparece de alguma forma e, em especial entre os evangélicos, o dízimo é pregado com frequência. Mas os mórmons não são evangélicos.
Uma investigação sobre doações para igrejas realizada anualmente pelo últimos 34 anos, mostra que a “generosidade de todas as igrejas tem vivido um declínio constante, especialmente nas protestantes” disse Sylvia Ronsvalle.
Ela mostra ainda que, desde 1968, as contribuições foram caindo lentamente de 3,11% do rendimento em média, para 2,38%, entre as igrejas consideradas “tradicionais”. As chamadas neopentecostais são mais difíceis de acompanhar, pois não revelam seus dados sobre arrecadação.
Na opinião de Sylvia as igrejas têm falhado “em chamar as pessoas para investir em uma visão muito maior.” Ela acredita que ainda exista uma disposição maior em doar para missões e para programas que ajudam pessoas bem pobres que para as congregações locais.
Entre os mórmons, no entanto, “o dízimo é um princípio muito forte”, disse Gregory Stock, líder Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias na Louisiana.
Uma pesquisa recente do Fórum Pew sobre Religião e Vida Pública revelou que 79% dos mórmons são dizimistas, uma percentagem muito maior do que os católicos e evangélicos.
Mitt Romney foi missionário e líder da igreja mórmon na França na juventude. O ex-governador de Massachusetts e sua esposa doaram US$ 2,6 milhões para sua igreja em 2011.
Em comparação, o presidente Barack Obama, que se apresenta como cristão evangélico, doou cerca de 14% de sua renda de US $ 1,8 milhões para uma igreja. Além disso, fez 36 contribuições para ONGS e fundações educacionais.
Um amplo estudo chamado de Pesquisa da vida congregacional dos EUA constatou que apenas um terço dos católicos e dois terços de evangélicos tradicionais doam mais de 5% de sua renda. O estudo não inclui congregações judaicas ou muçulmanas por causa de seus números menores.
Ronsvalle e outros estudiosos disseram que o compromisso tende a ser maior entre os evangélicos por causa de seu respeito pela autoridade das Escrituras, onde o assunto é repetido várias vezes, seja como mandamento ou como prova de fé.
A pesquisadora Cynthia Woolever disse que os católicos são os que menos doam porque a Igreja Católica não enfatiza tanto o stress, mas cobra por cerimônias que são gratuitas em outras denominações.
Um dos aspectos que possivelmente faça diferença é que entre os mórmons as ofertas são controladas mais de perto. Os líderes mórmons mantêm um tipo de contabilidade e uma vez por ano as famílias são convidadas a sentar-se brevemente com o líder de sua congregação e discutir sobre as doações.
Para os muçulmanos, por exemplo, a obrigação de caridade está no Alcorão, diz Aaron Spevack, professor de Estudos Islâmicos na Universidade de Loyola. A lei islâmica obriga os muçulmanos a doar anualmente cerca de 2,5% da renda para os pobres e necessitados, e mais a outras causas, se for capaz.
Entre os judeus, as Escrituras hebraicas não detalham apenas o dízimo, disse o rabino Robert Gates, existem outros tipos de ofertas e momentos das festas anuais em que se doa dinheiro.
“Mas o conceito de ajudar o próximo, chamado Tzedaka, nos impõe a obrigação de fazer justiça… Não é simplesmente uma questão financeira. É algo que precisamos para fazer justiça em nossa comunidade. Isso se traduz em atos concretos e também em apoio financeiro. Obediência a Deus”.
Traduzido e adaptado de Nola.com
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