Dia 11 de janeiro foi lembrado por cristãos de diversos países como o “Dia de Conscientização sobre o Tráfico Humano”. A iniciativa, promovida por várias missões e igrejas, visa despertar as pessoas sobre uma triste realidade. Em pleno século 21, pessoas continuam sendo compradas e vendidas como se fossem mercadorias.
Na Índia, por exemplo, ter uma filha pode ser um peso para muitas famílias por questões culturais. Por isso, ainda existem pais que optam por dedicar a sua filha aos deuses e fazer dela uma devadasi, uma prostituta do templo.
Assim ela terá uma profissão e uma forma de obter alimento para sua família. Talvez os deuses irão mostrar favor, poupar a vida da esposa e encher seu ventre com o menino, que poderá ser mais um para trabalhar e ajudar na renda doméstica. Para eles, tal sacrifício é pequeno em comparação com o destino de uma família que, caso contrário, poderia morrer de fome.
Na Índia, o sistema devadasi de prostituição nos templos já existe há mais de 5.000 anos, diz David Dass, diretor-executivo da missão India Gospel League. No estado de Karnataka, onde ele vive com sua esposa, famílias que passam fome dedicam centenas de meninas todos os anos à deusa Yellamma. As crianças são forçadas a começar na vida de prostituição com 11 ou 12 anos.
“Desde que nascem elas estão sendo exploradas”, diz Annette Romick, que faz um trabalhado de ajuda humanitária na Índia. ”Então, quando atingem a maturidade, seus corpos são exploradas pelos homens. Mesmo quando seus corpos não são mais desejáveis, ainda são exploradas e abusadas, pois o estigma está sobre elas.
Eles nunca poderão fugir disso. É uma armadilha que as prendeu, é um inferno o que eles estão experimentando”.
O termo devadasi dignifica literalmente “serva de Deus.” Os pais que escolhem dedicar suas filhas recém-nascidas a Yellamma sabem que a menina é considerada “casada” com a deusa e nunca poderá se casar com um homem. Quando a menina atinge a maturidade física, é forçada a iniciar sua vida como prostituta.
“Desde 1982, o sistema devadasi foi proibido pelo governo da Índia”, diz Paul Joseph, um pastor que tem ministério junto às devadasis.”Mas há práticas subterrâneas – ninguém sabe como eles procedem nem como fazem a dedicação”.
Desde que foi proibida a prática devadasi, as mulheres trabalham principalmente em suas casas, apenas visitando o templo para pedir o dinheiro dos fiéis. Muitas dessas prostitutas cultuais são traficadas para as zonas de meretrício de Bombaim, Pune, Bangalore e outras grandes cidades indianas. Às vezes elas recebem uma compensação por seus serviços, às vezes não. As devadasis vivem suscetíveis ao HIV, AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis.
“Nossos pais nos jogaram na rua desde o nascimento. Os homens vêm e nos usam, terminam seu trabalho e vão embora”, diz Sugandha, uma ex-devadasi que hoje recebe assistência de uma ONG evangélica.
Na religião hindu, as devadasis só tem esperança de uma vida melhor através do ciclo de renascimento. ”Suas vidas foram arruinadas e sentem-se como lixo. Acabam de ser usadas e são mais uma vez descartas”, diz Romick.
As devadasis vêm principalmente de famílias pobres da classe dos “intocáveis”, que é considerado o degrau mais baixo da sociedade hindu. “Não são evitadas apenas por causa de sua profissão, mas são rejeitadas pela sociedade em geral por causa de sua casta”, diz Romick.
“Elas precisam conhecer o amor de Cristo, a única maneira que elas vão poder mudar de vida e ser um instrumento para mudar a vida de outras” afirma a missionária, que acrescenta: “precisamos apenas orientá-las, capacitá-las, discipulá-las e enviá-las de volta [para suas comunidades]. Sabemos que o Senhor irá usá-las”.
Traduzido e adaptado de BP News
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