28 de dez. de 2011

Menina de 8 anos pode desencadear conflito religioso em Israel


Naama Margolese e sua mãe Hadassa
A menina Naama Margolese, de apenas 8 anos, com seus óculos de grau e rabo de cavalo não parece representar perigo algum. Mas ela afirma que é diariamente submetida a insultos e perseguições por alguns membros da comunidade judaica ultra-ortodoxa.
Ela revelou aos repórteres ter medo de ir para a escola porque é alvo constante de agressões e chegou inclusive a ser apedrejada.
Segundo a imprensa israelita, tais atos são justificados pelas roupas que ela usa, consideradas “ousadas demais”. O caso de Naama está, mais uma vez, chamando atenção para o abuso e à segregação sofrida pelas mulheres na comunidade judaica.
Nesta segunda-feira, a cidade de Beit Shemesh, próxima a Jerusalém, foi palco de graves conflitos entre judeus ultra-ortodoxos e a polícia. Tudo começou quando os policiais tentaram retirar vários sinais espalhados pelas ruas e que ordenavam a discriminação contra as mulheres.
A polícia reforçou as patrulhas nessa cidade por causa da forte tensão provocada depois que vários manifestantes foram presos.
No último domingo, uma equipe de TV israelense sofreu agressões ao filmar as placas que pedem para as mulheres não pararem em frente a sinagogas. Por toda a cidade existem cartazes que ordenam às mulheres a se vestirem “modestamente”, segundo os princípios do judaísmo ultra-ortodoxo. Uma parcela  da população tem uma visão rigorosa da necessidade de separação entre homens e mulheres.
A imprensa israelense já registrou numerosos casos em que as mulheres foram vítimas das agressões por se negarem a sentar na parte traseira dos ônibus, insistirem em andar na mesma calçada que os homens ou não andarem com os braços e pernas inteiramente cobertos.
Os judeus ultra-ortodoxos atualmente são 10% da população israelita, mas tem um crescimento anual muito elevado, devido à sua alta taxa de natalidade. Nos últimos anos eles têm se tornando mais agressivos, tentando impor seu estilo de vida e seus hábitos ao restante da população.
Nesta terça-feira, mais de 10 mil pessoas eram esperadas em Beit Shemesh para se protestar contra a exclusão das mulheres. Em Jerusalém, a maior cidade do país, empresas foram obrigadas a parar de estampar rostos femininos em outdoors devido ao vandalismo persistente. Os judeus moderados e os não praticantes tem constantemente criticado os ortodoxos.
Acostumados aos conflitos com os palestinos, agora existe o temor que os últimos eventos possam gerar um conflito religioso no país entre os próprios judeus. Em um pronunciamento, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pediu pelo fim da violência num país que considera ser um estado livre e democrático.
Traduzido e adaptado por Gospel Prime de Huffington Post

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